Los Angeles, 2 de junho de 1991


Esses últimos dez meses não tem sido fáceis para as pessoas deste planeta ou o para próprio planeta. Quero remontar ao passado esta noite e invocar uma tradição desaparecida, chegar ao coração dela e tentar mostrar como podemos trazê-la em nossas vidas para fortalecer a esperança nas situações mais sombrias e até mesmo transformar essas situações escuras na matéria-prima de uma esperança mais clara e mais forte do que normalmente poderia ser o caso. 
Alguns dias atrás, estava conversando com um amigo meu e ele me contou a história de que esteve na presença de um monge vietnamita de 104 anos.
O sujeito tinha basicamente mantido a boca fechada, o monge, e não tinha dito quase nada ali no mosteiro, o qual ele simplesmente limpava. Então ele anunciou que queria falar sobre meditação e ele abriu suas observações dizendo: "Somos todos seres luminosos, por que então não aparecemos uns aos outros radiantes em nossa luminosidade?"
Esse é o enigma da vida. Esse é o problema. Foi T.S. Eliot que disse: "Entre a idéia e a realidade, entre o movimento e o ato, cai a sombra." Por que isso? Como pessoas psicodélicas, esse é o problema que enfrentamos em nossas próprias vidas e quando olhamos para o mundo. Você me ouviu dizer muitas vezes, nós temos a visão, temos o dinheiro, temos a tecnologia, mas por que não podemos aparecer, então, uns aos outros como seres radiosamente luminosos e por que não podemos recuperar nosso planeta da toxificação, da doença, da superpopulação e política estúpida.... você conhece a lista. Qual é o grilo aqui? Qual é o problema? Por que a perfeição é tão distante?
Bem, o que eu aprendi com a vida, com os vegetais, as viagens e os  livros pode ser resumido em duas palavras gregas. É a mensagem central do filósofo Heráclito. 
Ele sempre foi meu filósofo favorito, mas sempre que eu lia sobre ele, ele era chamado de filósofo que chorava. Eu tive de viver até os 44 anos para entender a pungência da mensagem de Heráclito. Ele disse em poucas palavras, Panta rhei. Tudo flui. Nada dura. Nada é permanente. Essa é a mensagem mais difícil que a vida tem para ensinar, porque o que ela diz é: a sua alegria é passageira, a sua angústia é transitória, a sua sorte, a sua casa, o seu sonho, os seus momentos de grande êxtase, de grande insight, seus momentos de empoderamento. Tudo está fluindo através de suas mãos no momento em que você se dá conta daquilo.
William Blake, que de certa forma foi quem colocou esta engrenagem para funcionar,  dois séculos atrás, disse: "Qual é o preço da experiência? Pode ser comprada com uma canção ou pode a sabedoria ser adquirida dançando na rua? Não, é comprada com tudo o que um homem tem. Sua esposa, sua casa, seus filhos." Agora essa não é uma mensagem pessimista e William Blake não era um cara pessimista. Ele era o mesmo cara que nos disse que, se pudéssemos limpar as portas da percepção, perceberíamos o mundo como ele é: infinito em um grão de areia. 
Como podemos pegar essa mordacidade, essa sensação de impermanência, e soldá-la em algo que é paradoxalmente indestrutível e tem significado em nossas vidas e nos dá não só a força para continuarmos, mas também o poder de sermos exemplares. O poder de nos levantarmos diante das outras pessoas e deixá-las sentir o poder de visão no paradoxo da permanência em face da necessidade de indestrutibilidade.
Para responder a essa pergunta, senti que tínhamos que deixar os estreitos limites do pensamento do século XX e voltar aos caminhos do pensamento humano que, pela maioria de nós, foram ultrapassados e esquecidos. Afinal, a vida moderna faz grandes demandas sobre nós. Já é coisa bastante apenas manter seu talão de cheques equilibrado e seu seguro pago. Não podemos todos passar o tempo explorando as bibliotecas de tradições noéticas, gnósticas, herméticas e mágicas. Mas eu pensei que valia a pena falar com vocês sobre isso hoje à noite, porque temos passado por meses tão difíceis.
Foi também Heráclito, o cara de tudo flui, que disse que "tudo é guerra." Tudo é guerra. O que ele quis dizer foi que tudo ocorre na presença de seu oposto e daí é gerado o atrito, o calor e a luz em que tudo se junta em um pacote indissolúvel como parte da vida. Então o que quero falar esta noite é da noção de alquimia de todas as coisas. Alquimia, como tenho certeza que muitos de vocês sabem, é realmente a tradição secreta da redenção do espírito para fora da matéria.
 Muitos de vocês podem imaginar que a alquimia é simplesmente uma obsessão pré-científica desacreditada de mentes desequilibradas interessadas em transformar os metais básicos em ouro, para comercializa-lo. Essa é a reputação que a alquimia adquiriu no século tão entregue ao literal, ao material e ao não-espiritual, que perdeu todo contato com as adumbrações do significado que vibram atrás das percepções do alquimista.
A concepção central da alquimia é a concepção da pedra filosofal. O que é isso? É a panacéia universal no final dos tempos. É o bolo de chocolate que sua mãe fazia uma vez por semana quando você era criança. É o pana supersubstantialis. É todas as coisas para todos os homens e todas as mulheres. Se você estiver com fome, você a come. Se você estiver sujo, você toma banho sob ela. Se você precisa ir a algum lugar, você se senta sobre ela e voa lá. Se você tem uma pergunta, ela responde. É algo que a mente humana sente em si mesma e com a qual está relacionada, a qual foi invocada e adorada ao longo de séculos, antes do lento crescimento do patriarcado, do racionalismo e do materialismo tê-la transformado num mito e num conto de fadas.
Não é um mito ou um conto de fadas. É a realidade primária ardente que está por trás das impurezas das aparências. A alquimia baseia-se numa filosofia chamada hermetismo que foi desenvolvida no primeiro e segundo séculos por pensadores gnósticos, gregos, judeus e pessoas dentro do Império Romano (quando ele estava começando a mostrar os primeiros sinais de degradação e decadência), que sentiram uma profunda insatisfação com seu mundo. Uma insatisfação que, na escala daqueles tempos, era tão profunda quanto nossa própria insatisfação existencial.
Os filósofos herméticos se afastaram do surgimento do cristianismo com sua doutrina da queda do homem, do pecado original e da pecado de Adão e Eva. Esses hermetistas tomaram um tato diferente e chegaram a dois pontos que eu acho que precisamos recuperar e vivenciar nós mesmos.
O primeiro ponto era que o "homem", que significa homens e mulheres - seres humanos - são seres divinos. Não inferiores aos anjos, mas superiores aos anjos. A mensagem dos pensadores alquímicos e herméticos, e o corpus hermeticum realmente usa a frase; "O homem é irmão de Deus". Não podemos ter idéia do que isso significaria em nossas próprias vidas se pudermos jogar fora a noção de nós mesmos como seres caídos.
Nós não somos seres caídos. Quando você toma em sua vida a gnose dos vegetais cheios de luz, as plantas psicodélicas que estabilizaram essas mesmas sociedades deste mundo por milênios, a primeira mensagem que vem a você é que você é um ser divino. Você importa. Você conta. Você vem de reinos de poder e luz inimagináveis e retornará a esses reinos.
O segundo ponto que esses filósofos quiseram trazer é que o destino pode ser superado. O destino pode ser superado! Agora, para o mundo greco-helênico, o que isso significava era as engrenagens do maquinário estelar do destino que eles viam espalhadas pelo céu noturno. Eles estavam intensamente conscientes do poder do zodíaco, as conchas estelares habitadas por demônios que se estendiam até o inimaginável império do pai de tudo que estava além do destino.
Para aquele mundo de destinos astrológicos, que é uma idéia tão forte para a mente grega, o hermetista anunciou que o destino pode ser superado e que eles tinham uma resposta nova para como isso poderia ser feito. Pode ser feito através da magia. Uma palavra não muito ouvida no mundo atual.
A superação do destino é conseguida através da magia e, então, a maquinaria estelar não se torna uma força invasiva em sua vida, mas sim uma força de empoderamento.
Agora, alguns de nós podem acreditar na astrologia e alguns de nós não, mas estamos todos fortemente influenciados pela noção de destino e de nossa impotência em um mundo existencial. John Paul Sartre disse que a natureza é muda; e nós, embutidos nesta matriz - de mídia densa, saturada de mensagens e programação - dessas hiper-sociedades  que nós criamos - muitas vezes nos sentimos como átomos infelizes correndo infinitamente de acordo com os planos e os programas de mestres invisíveis. 
Seja o setor bancário, a Madison Avenue, quem quer que seja, nós tendemos a desempoderar a nós mesmos. Nós tendemos a acreditar que não importamos e no ato de tomar essa idéia para nós mesmos, damos tudo para outra pessoa e para outra coisa. Assim, o renascimento do sentido da pedra e sua possibilidade dentro de cada um de nós implica essas duas idéias - nossa divindade e nosso poder para superar o destino. Não há inevitabilidade em nossas vidas a menos que nos submetamos à idéia de inevitabilidade e então nos entregamos a ela.
Onde podemos olhar no mundo para encontrar alguma confirmação do que estou dizendo? Como podemos assegurar que isso não é um discurso pirado de um irlandês bárdico? Bem, eu acho que o lugar para olhar é a história. 
Se você vai para o mundo acadêmico, as torres de Marfim das quais Tim Leary estava falando, e perguntar, o que é história? Eles vão dizer-lhe que é uma caminhada aleatória. Eles vão dizer que é uma flutuação infinitamente sem objetivo. 
Os impérios têm sua ascensão e queda. As migrações de pessoas vêm e vão. É essencialmente sem sentido. Eu não acredito nisso. Nem sequer penso que haja uma forte evidência disso, porque o que percebo quando olho o mundo, não apenas o mundo da história, mas o mundo da natureza, do qual a história surgiu, vejo a novidade. Eu vejo algo maravilhoso, enlouquecedor, paradoxal, sempre crescente e cada vez mais conservado. 
Cada iota de novidade que vem à existência é de alguma forma salvada e transmitida. É por isso que quando caminhamos ou dirigimos por Melrose, vemos motivos de moda egípcios e vemos tendências de moda tiradas do século 14, do século II, da Assíria, do Egito e Angkor Wat. Toda a novidade da história amalgamada no momento vivo. Sempre foi assim. Toda sociedade no momento de sua existência viveu como ressonância, uma conclusão e destilação (uma boa palavra alquímica) do que a precedeu.
 A ideia da alquimia de que o espírito pode ser redimido da matéria começa a ganhar força quando você conecta a idéia de espírito à idéia de novidade, o que normalmente não é feito. A novidade é a alma da festa e como tal deve ser altamente vivaz. Isso é no que precisamos focar como o caminho para fora do labirinto escuro da prisão do mundo material que pode nos levar de volta à luz. O universo é uma engrenagem para a produção de novidade. Sempre foi desde o primeiro momento do big bang, de 20 a 25 bilhões de anos atrás. Estados mais simples foram substituídos por estados mais complexos, os quais então estabeleceram o cenário para uma maior complexidade.
O alvo disso então é o surgimento da linguagem, as ferramentas, a cultura e os ideais mais elevados, como a coragem e o amor e o auto-sacrifício. Estas idéias não são casualidades, esportes ou erros. Essas são outras etapas ao longo do processo do grande forno alquímico do ser - aquecendo e fundindo, dissolvendo e reformulando, purificando e remodelando o ouro alquímico.
Portanto, por mais difícil que o mundo possa aparecer, por mais escura que a hora possa aparecer, na realidade nós existimos em uma dimensão de maior oportunidade, maior liberdade e maior possibilidade do que jamais existiu. O desafio é não deixar a bola cair. O desafio é saber disso, agir de acordo e destruir todas as sanguessugas, os manipuladores, doninhas e cripto-fascistas que querem negar isso e transformar o homem em uma máquina para seus próprios propósitos.
A alquimia sempre percebeu isso e tem etapas delineadas no processo de transformação. Essas etapas valem a pena falar sobre, não em detalhes, mas nos dois estados bipolares que as definem. Eles usaram um latin bastardo e chamaram-lhes de Nigredo e Albedo. O Nigredo é a pré-condição para a transformação e o que é isso? É a bosta. Os restos. Os destroços. São detritos. É ser HIV positivo. É estar naufragando no seu quarto casamento e afundando rápido. É a falência. 
É a hepatite sérica. É a inevitável noite escura da alma que vem sobre nós, e essas noites escuras da alma vêm sobre todos nós. Ninguém atravessa este mundo sem um pouco de estrume chovendo sobre si. Acredite em mim, você pode evitá-lo por décadas, mas então haverá uma batida na porta. Dizem que as pedras de moinho do destino moem devagar, mas moem extremamente fino.
Então o que vamos fazer com isso? A resposta é: nós a recebemos com satisfação. Isto é o que esperavam os alquimistas: o Nigredo, a prima matéria, a matéria escura e o caos que é a pré-condição para a redenção. E Deus sabe, nós temos muito caos agora. Temos guerra, fome e revolução, milhões de pessoas desabrigadas em movimento. O estado-nação está se dissolvendo. As agências de socorro do mundo não podem acompanhar.
As várias sociedades secretas, mafias e cabala que sempre tentaram nos amarrar, estão trabalhando horas extras. Estamos na condição nigredo. Aleluia. Isso significa que o beijo tem que parar, mas a diversão pode começar; A verdadeira diversão.
A outra extremidade desta condição bipolar na alquimia foi chamada de albedo. O albedo, o clareamento, e isso significa que do caos pode vir um novo começo, uma nova realidade e uma nova esperança.
Esses alquimistas existiam num mundo filosóficamente "mais ingênuo" do que nós - desse modo eles realmente projetaram nos processos da matéria sua própria condição psíquica interior. Eles, de fato, trabalhavam com matéria, fogo, fornos e retorque e o que eles faziam é - eles pegavam a prima materia, chumbo ou excremento ou qualquer outra coisa, e então eles aqueciam-na. Transformavam isso em cinzas e, em seguida, calcinavam as cinzas ou despejavam solventes na cinza e obtiam um extrato, e depois aqueciam e sublimavam aquele extrato. 
Foi disso, quase como uma nota de rodapé, que surgiu a química moderna, mas não foi esse o lado importante disso. O lado importante foi que eles estavam projetando estados mentais sobre as destiladores retorcidas  de seu laboratório. Aquilo era como um espelho mágico para eles. Era, de fato, ousamos dizer a palavra com P; Era psicodélico. O que significa psicodélico é ter a sua mente fora em frente de você por qualquer meio necessário para que você possa se relacionar com ela como uma coisa no mundo e, então, trabalhar sobre ela.
Assim, do nigredo ao albedo, havia uma série dessas etapas. Agora, eu disse há alguns minutos que a magia era a chave e, por magia, quero dizer, a recuperação e a reconstrução da linguagem a um grau suficiente que, a princípio, torne possível, então provável e depois inevitável para cada um de nós, que os milagres possam acontecer. Milagres podem acontecer! O Grateful Dead tem uma canção, "precisamos de um milagre todos os dias". Precisamos de um milagre todos os dias. Bem, isso é uma demanda muito grande? Acho que não.
Anos atrás, um desses vegetais que falam me disse, "a mente conjura milagres a partir do tempo." A partir do tempo! O tempo é a matéria prima sobre a qual o processo alquímico opera. O alquimista, novamente na sua maneira "ingênua", acreditava que os metais preciosos, os diamantes, ouro e safiras realmente cresciam na terra porque, do ponto de vista alquímico, tudo estava vivo. Meu amigo Rupert Sheldrake está liderando a proposta de criar um novo nascimento dessa percepção dentro da ciência. A idéia de que a natureza, toda a natureza, está viva.
Não simplesmente a natureza celular orgânica, mas que a própria Terra é um ser vivo. Assim, a mente conjura milagres a partir do tempo. A prova de que isso pode ser feito e essa é uma verdade incontroversa - somos nós mesmos. E eu desafio qualquer objeção ou tentativa de derrubar essa afirmação. Nós somos a prova de que a mente pode conjurar milagres a partir do tempo. Se não fosse por nós, haveriam apenas pássaros, raposas, recifes de coral e geleiras, mas a natureza não estava satisfeita com esse nível de novidade.
Um milhão de anos atrás; 100.000 anos atrás, a natureza ficou descontente. Disse, vamos aumentar a aposta. Vamos ao poker de apostas mais altas neste jogo planetário. Que os macacos falem! Deixe-os fazer fogo. Deixe-os elaborar ferramentas. Deixe-os vir para a frente  no palco da criação.
E lembram que eu disse que a fé hermética era que a humanidade poderia agir como os irmãos e irmãs de Deus. Não o fosso na criação de Deus, mas co-parceiros na invocação do ser de ainda mais novidade. Por quê? É pelo jogo, para se divertir, é a loucura cósmica de tudo isso, e a pura proposta de elevar as apostas mais e mais alto e mais alto. Agora, eu continuo voltando a essa coisa de 'pode ser feito?' Eu quero convencê-los porque estou tão certo.
Eu amo Herman Melville e sua retórica, e o amigo da baleia, me permitam. Para Herman Melville, a baleia não era a criatura em perigo que é hoje. Era o Deus cósmico sombrio do Cristianismo que nos assombra e tenta nos puxar para baixo. Há um discurso maravilhoso em Moby Dick, onde Starbuck, o primeiro companheiro - você se lembra do tímido e pequeno Starbuck, ele representava a razão cristã correta - ele diz ao capitão Ahab, "buscar vingança de uma besta estúpida parece blasfêmia."
Ahab diz: blasfêmia Starbuck? Não me fales de blasfêmia; Eu golpearia o sol se ele me insultasse. Pois se ele pudesse fazer isso, não poderia eu responder? Pois há sempre uma espécie de fair play." 
"Esse é o ponto dessa discussão. Há uma espécie de jogo limpo. Você foi informado desde o berço que as cartas estavam dadas contra você, com a queda do homem, o pecado original e assim por diante. Isso é besteira! É bobagem absoluta. Há uma espécie de jogo limpo e você pode entrar em contato com isso em sua vida.
Quando Maomé não foi à montanha, a montanha veio a Maomé.
Isso é fair play! Se você pode ter essa percepção, o mundo começará a trabalhar para você. Ele começará a se mover para você como a montanha se moveu para Maomé. Os cogumelos me disseram uma vez: 'a natureza ama a coragem'. A natureza ama a coragem e eu disse: e qual é o resultado disso? Ele disse, ela mostra que ama a coragem porque removerá obstáculos. 
Você assume o compromisso e a natureza responderá a esse compromisso removendo obstáculos impossíveis. Sonhe o sonho impossível e o mundo não  irá triturar você. Ele irá elevar você. Esse é o truque. Isso é o que todos esses professores e filósofos, os que realmente contaram, que realmente tocaram o ouro alquímico - isso é o que eles entenderam. 
Essa é a dança xamânica na cachoeira. É assim que a magia é feita. É feita ao arremessar-se no abismo e descobrir que ele é uma cama de penas. Não há outra maneira de fazê-lo. É por isso que sempre tomei a posição de que, como pessoas modernas, não podemos sair empunhando armas em marcha ou sair iniciando religiões (quem iria querer uma coisa dessas de qualquer maneira) mas para as pessoas que dizem que a aventura sumiu, que é tudo monótono, eu tenho certeza que eles esqueceram os 5 gramas de psilocybe cubensis em seu refrigerador.
Magalhães pode ter tido a excitação de ter sido o primeiro a navegar ao redor do mundo, mas você em sua sala de estar mais tarde esta noite pode colocá-lo na sombra, se você tiver a coragem de fazer as coisas que são necessárias fazer, e sabemos quais são. A primeira coisa a fazer é mandar a sociedade se foder, porque eles não sabem o que está acontecendo. Essa é uma questão entre a pessoa e a planta. É uma questão entre a pessoa e o planeta. Todos os detritos da história e todos os jogos que as pessoas tentaram colocar sobre você, saiba que elas só queriam te colocar na mesma vala em que elas estão. Sabemos disso porque as sociedades aborígenes nunca quebraram a fé.
 A gnose viva ainda está lá e não só para as pessoas que se pintam de azul e dançam nuas, mas para nós também. É preciso um ato de coragem - não um fim de semana em Esalen ou não uma viagem para o ashram onde eles dizem que se você varrer o chão por uma dúzia de anos, então eles vão te transmitir o segredo. Não, a velocidade com que você pode alcançar a profundidade é menos de 45 segundos se você souber onde o poço do elevador é, e você o fizer. Eu não tenho que dizer, eu tenho lhes falado muito sobre isso.
Há mais uma metáfora alquímica, ou fase, que eu quero mencionar aqui, porque eu acho que se refere a essa possibilidade psicodélica. Nem todos os alquimistas incluíram essa etapa nas suas revisões da obra, mas para mim, eu acho que é central. Novamente em sua igreja de latim bastardeado, chamavam-lhe a cauda pavonis, a cauda do pavão. Agora, para entender a base física disso, se você já brincou com metal e fogo, há certos metais que quando passam a uma certa faixa de temperatura, irradiam cores iridescentes em toda a superfície e às vezes essas cores até mesmo fixam no metal. 
Ao envernizar a cerâmica em baixas temperaturas, como no Raku, o que esses mestres de cerâmica estão visando são essas maravilhosas superfícies iridescentes que se espalham em todo o esmalte e, em seguida, podem ser congeladas nele.
Essa é a cauda do pavão e na alquimia, isso era considerado preceder o clareamento final. Esta é a passagem para o puro e é o objetivo realmente. 
Em vez de ver o mundo atual como um véu de lágrimas e uma prisão negra - nenhuma dessas metáforas são mutuamente exclusivas - a grande força do pensamento alquímico e a maneira como ele é completamente antitética à ciência e, de fato, porque a ciência tem tanto desprezo por ele, é porque o alquimista tinha a sabedoria de ver que tudo ocorre na presença do seu oposto. Não é ou um ou o outro, é ambos. Eles chamaram isso de coincidentia oppositorum. Essa é a coincidência dos opostos, a união dos opostos. 
Essa é uma grande verdade, pois acho que todos nós vivemos sob as rubricas de "sou bom ou sou mau? Sou preguiçoso ou sou obcecado?" A resposta é que nunca é um ou o outro. Comete-se uma tremenda injustiça com o ser, ignorar a união dos opostos. Agora a ciência para fazer o seu trabalho, que é essencialmente um trabalho tecnológico e não um trabalho filosófico profundo - é uma arte menor, a ciência, que é tudo que ela é - é a arte do fisicamente possível. Mas ela tem presumido ser o árbitro de todos os pensamentos, todos os sentimentos e todo o trabalho.
Meu Deus, a arrogância de René Descartes ao dividir o mundo em qualidades primárias e secundárias, e quais são as qualidades primárias? São movimento, massa, rotação e impulso. Quais são as qualidades secundárias? São cor, sentimento, gosto e tato. Isso lhe diz que você não é nada. Você nunca toca na realidade; Você vive nesse mundo do sentido. Conseqüentemente pode somente aspirar ao mundo real através de algum tipo de evisceração matemática do que seu próprio corpo e seus próprios sentimentos estão lhe dizendo.
Na cauda pavonis, a cauda do pavão, é onde as contradições se encontram. Aqui é onde elas geram calor e luz, e uma sensação excruciante de agudeza, significado e identidade. Nosso mundo, como o experimentamos esta noite, é quintessencialmente - outra boa palavra alquímica - quintessencialmente essa coincidentia oppositorum. Onde é que nos encontramos com isso de forma mais dramática em nossas vidas? Eu penso que nós o encontramos no fenômeno do nascimento.
Se você tivesse acabado de estacionar seu disco voador nos arbustos e viesse de um mundo onde a sexualidade era desconhecida e as pessoas cresciam em incubadoras e você encontrasse uma mulher no ato de dar à luz, iria parecer ser uma catástrofe em andamento, uma tragédia nos limites da tragédia. O sangue está sendo derramado, a angústia está na superfície, a verdadeira agonia que permeia a situação e, no entanto, a natureza em sua sabedoria tem ligado a dor e o êxtase, a morte e a realização, a regeneração e a dissolução nessa experiência de tal forma indissolúvel que nenhuma mulher pode perder o ponto.
Nenhuma mulher pode perder o ponto. Infelizmente, os homens têm tradicionalmente evitado olhar e isso tem acontecido na cabana na margem da aldeia. Ninguém queria estar lá. Talvez o xamã estivesse lá, mas ele estava chapado para estar lá, e o mistério dos mistérios acontecia fora do alcance dos homens.
Agora, em nosso mundo, estamos presos a esse tipo de metáfora. Um nascimento cósmico, um nascimento de escala planetária está em andamento. Há agonia; não há dúvidas sobre isso.
Lembro-me de um embriologista, que uma vez me ensinou que o feto no útero está literalmente sendo esculpido pelas mãos da morte. A mão imatura do organismo fetal é  uma garra palmada e não significa que a carne se retraia para formar a mão humana, mas as células entre elas morrem e se desprendem no líquido amniótico e são levadas embora. A criança fetal é literalmente esculpida para a vida pelas mãos da morte. Nosso mundo está neste tipo de circunstância. 
Não há soluções racionais neste momento. Estamos agora nas mãos dos milagreiros - os xamãs, a mente do planeta, a vida do oceano e da atmosfera. Vai ficar mais difícil, por isso temos de forjar a pedra adamantina indestrutível da esperança alquímica, porque os desafios mais pesados estão à frente.
Daqui a cem anos, daqui a duzentos anos, não posso deixar de imaginar que este planeta estará vazio de seres humanos. Não porque nos tornamos extintos, mas porque teremos ido para o nosso destino. É inimaginável neste momento porque estamos no canal do nascimento planetário. Estamos no auge da transição agora e as paredes estão literalmente fechando. Estamos sendo sufocados. Estamos lutando como um homem que está sendo estrangulado para tentar salvar a nós mesmos.
No entanto, temos de acreditar e convido você a educar-se sobre a história do planeta, que não há razão para não acreditar que vamos ultrapassar. Nós vamos ultrapassar! Há uma luz no fim do túnel. Há um significado para a história, mas é um significado alquímico. A história é uma grande engrenagem alquímica para a forja de uma humanidade alquímica.
Eu não tenho as respostas, acredite em mim. Eu não sei se vamos para outra estrela ou se teremos  oito angstroms de altura e todos viveremos em um bloco de metal debaixo do Monte Everest, ou se marcharmos para o coração do sol. Os cenários são infinitos, porque a imaginação humana tem um tal poder de reinventar-se a níveis cada vez maiores. O que o homem paleolítico teria achado da religião do Egito faraônico? O que os faraós teriam achado dos motores de guerra e da maquinaria hidráulica criada pelos romanos? O que a iluminação escolástica gótica teria achado da era da cibernética, dos psicodélicos e da realidade virtual? A imaginação é o alquímico Deus Ex Machina que pode nos elevar acima do tempo, do nigredo da história para estados cada vez mais elevados de ser.
Agora não há razão para simplesmente pegarmos carona neste processo, porque outra percepção do alquimista que é central para alinhar tudo isso, para que isso funcione, é a idéia do macrocosmo e do microcosmo. O que isso significa? Significa que o mundo é verdadeiramente fractal no sentido mais profundo. Significando que o que está acontecendo em alguma escala muito grande, é condensado, intensificado e recapitulado em escalas menores. Assim, as dinâmicas de um caso de amor são as mesmas que as dinâmicas de um império. E ambas são iguais às dinâmicas da evolução, expansão e extinção de uma espécie. Existe apenas uma maneira que as coisas podem acontecer e se estamos falando de eventos microfísicos ou da vida de todo um sistema solar, a curva de energia vinculada vai ser a mesma. Isso significa que nessa redenção do espírito a partir da matéria, que é o processo histórico em que estamos inseridos, podemos fazer a nossa parte trabalhando em nossa pequena seção, a qual é - nós mesmos.
É por isso que a alquimia era tão fascinante para os psicólogos junguianos. Eles viram que essa obra de redimir o espírito da matéria não é mais do que a obra de redimir o ser da escória contaminada da psique traumatizada e danificada que cada um de nós herda da nossa passagem através das merdas dos pais cometeram. Cada um de nós tem esse presente com o qual temos de lidar. Esse nigredo está dentro de nós mesmos. É por isso que estamos em terapia, por que tomamos psicodélicos ou por que meditamos. Fazemos isso porque todos temos essa impureza dentro de nós, e esse é um grande presente. Isso significa que podemos começar conscientemente o processo de destilação e sublimação, e lançarmos-nos para o ser dourado, aquela criatura luminosa que esse monge vietnamita de 104 anos sentiu e evocou para meu amigo. Mas é mais do que isso.
Fazemos esse trabalho alquímico para aperfeiçoar nosso próprio senso de união dos opostos e nosso próprio sentido da presença da pedra alquímica viva internamente, para que então possamos participar, agir e fazer parte da transformação do planeta
É uma imensa transformação e não há razão para duvidar dela, porque o surgimento da vida orgânica a partir do que a precedeu é um milagre mais dramático do que qualquer um poderia imaginar. O surgimento da linguagem da bestialidade muda, que está apenas 100.000 anos no passado, é um milagre mais dramático do que qualquer um poderia imaginar. O surgimento de um planeta instantaneamente unificado pela eletricidade e os meios de comunicação é - e isso é apenas 50 ou 60 anos no nosso passado e ainda está acontecendo - é um milagre mais dramático do que qualquer um poderia imaginar. 
É absolutamente irracional não ser preenchido com o fogo ardente da esperança. Você apenas tem que superar o nivelamento que herdamos dessas idéias científicas vazias e existencialistas. Quando fazemos isso e elevamos nossos olhos para a verdadeira realidade viva e espiritualmente avivada que existe na natureza, na sociedade, no nosso amante e em nós mesmos, então você vê aquela cauda pavonis, o cauda do pavão que é um objeto transcendental no final de tempo.
Um enorme algo indizível que acena através da paisagem histórica e que lança uma enorme sombra que abarca tudo, desde os primeiros momentos do universo. Nós sempre estivemos no domínio desse estranho e iridescente atrator. Ele impulsionou nossa poesia e nossa arte. Nossos melhores momentos sempre foram quando uma pequena cintila - outra boa palavra alquímica - uma pequena centelha daquela conclusão alquímica brilhou por um momento em nossa mente, em nossa vida e em nossa percepção.
Nós ocupamos uma posição especial em relação a isso. Milhões de pessoas, milhares de gerações de seres humanos vieram e foram e só puderam vislumbrar isso no êxtase do erotismo, do empoderamento psicodélico e da magia ritual. Mas somos as últimas pessoas. Além de nós está o mistério, se tivermos apenas a coragem de avançar para esse abismo. Acreditar que a natureza vai recompensar o sonhador, então poderemos completar esse maravilhoso brinde irlandês, que diz: "Que você esteja vivo no fim do mundo".
Está assim perto, não pode se estender por muito mais tempo. Todas as pré-condições foram cumpridas e a cauda do pavão cresce diariamente, mais branca, mais radiante e mais brilhante, conforme sentimos agora, invadindo nossos sonhos, invadindo nossas vidas despertas, a presença desse atrator. Ele sempre deu significado às pessoas, mas nós somos os herdeiros privilegiados desse significado. Temos, então, o privilégio de reunir tudo em um pedaço só e estarmos prontos no final da história para entrarmos dentro do mistério e sermos completados.
Esse é o fim da minha música.

Muitíssimo obrigado!



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